Apesar dos preços mais estáveis das carnes em geral este ano, o setor de ovos está apresentando um movimento oposto. Nos primeiros meses do ano, é comum observar um aumento nos preços dos ovos, mas desta vez a alta está chamando a atenção, sendo significativamente maior em relação ao ano anterior. Além disso, nos últimos dois anos, tem sido observada uma estabilização suave nos preços da proteína após o mês de abril. Na primeira quinzena de maio, em comparação ao mesmo período do ano passado, os preços do frango resfriado em São Paulo e da carcaça casada bovina apresentaram quedas de 13% e 11,5%, respectivamente. Já a meia carcaça suína registrou um aumento de 10,9%, mas é importante ressaltar que o preço dos suínos estava muito baixo há um ano devido à oferta elevada de animais para abate. Em contrapartida, os preços dos ovos aumentaram 28% no atacado e 24% para os produtores, com a caixa de 30 dúzias sendo vendida a R$ 173 ao produtor e R$ 216 no atacado.
No que diz respeito à oferta, diferentemente do ano passado em que o setor praticamente não cresceu até o terceiro trimestre, houve um aumento de 2,8% na produção de ovos no primeiro trimestre de 2023 em comparação ao mesmo período de 2022, de acordo com dados preliminares da pesquisa de produção de ovos de galinha do IBGE. Além disso, os alojamentos de pintainhas têm apresentado um crescimento expressivo desde o início do ano, com um aumento médio de 24% no quadrimestre em comparação com janeiro a abril de 2022.
Em relação aos custos de ração, houve um alívio considerável devido às boas perspectivas de produção da safrinha e da safra americana de grãos. O preço do milho em Sorocaba (SP), por exemplo, caiu 19,8% em maio em relação ao mês anterior e 35% em comparação com maio de 2022. Já o farelo de soja em Campinas teve uma redução de 6,1% no mês e 7,5% em relação ao mesmo período do ano passado. Com isso, o custo da ração para postura ficou 18,8% menor em maio deste ano em comparação com o mesmo mês do ano anterior. Ao combinar o preço do ovo com o custo da ração através da relação de troca, observamos que atualmente são necessários 2,02 ovos para produzir um quilo de ração para postura, enquanto em janeiro de 2023 eram necessários 3,37 kg e em maio de 2022 eram necessários 3,21 kg.
Diante desse cenário, com os custos de produção em queda e os preços dos ovos se mantendo firmes, houve uma melhora sólida nos spreads (preço do ovo ao produtor dividido pelo custo da ração). Os spreads saíram de 28% em janeiro de 2023 para os atuais 113%, enquanto em maio de 2022 era de 40%.
Olhando para o futuro, existem boas razões para acreditar que o setor continuará em uma posição favorável, embora haja a possibilidade de uma moderação nos spreads devido ao aumento gradual da produção, que continuará refletindo as boas margens. Além disso, com o fim da quaresma, é esperada uma desaceleração na demanda doméstica. Em relação aos custos, o cenário deve continuar favorável devido ao alto volume de milho safrinha que está sendo colhido, grande parte ainda não negociada, juntamente com a expectativa de um aumento de 11% na produção americana de milho neste ano, com previsão de safra de 383 milhões de toneladas para 2023/24, o que indica um alívio no balanço global. Esse cenário, somado à leitura otimista do mercado em relação à próxima safra sul-americana sob influência do El Niño, deve manter os preços dos grãos em níveis satisfatórios para os consumidores. No entanto, é importante acompanhar a situação da gripe aviária no país, após a confirmação de oito casos em aves silvestres, sendo sete no Espírito Santo e um no Rio de Janeiro. Caso o Brasil registre casos em criações comerciais, tanto de aves de corte quanto de postura, os impactos negativos dependerão da capacidade de contenção da propagação da doença para outras áreas. Embora as exportações sejam pouco relevantes na avicultura de postura em comparação com a avicultura de corte, um evento como esse pode impactar o mercado de ovos, por isso é importante acompanhar os desdobramentos desse assunto.
Fonte: texto criado com informações do Itaú BBA
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