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DO VIETNÃ AO BRASIL: BAIXA PRODUÇÃO DE CAFÉ AFETA MERCADOS INTERNACIONAIS

O especialista em cafeicultura, Marcus Magalhães, também CEO da MM Cafés, conversou com o Agro é Negócio sobre a queda da produção de café no Vietnã e abordou as consequências globais dessa retração da na safra.

Magalhães destacou que não houve uma decisão governamental para redução da produção de café, mas por questões climáticas que interferiram na cafeicultura desta temporada. Outra motivação também estaria ligada a alta no custo de produção pelo mundo, nos últimos anos. Ele também explica que o cenário é, até certo ponto favorável para os produtores em geral.

E no caso específico do Robusta e o nosso Conilon, nós passamos também momentos muito complicados com relação ao preço e outras commodities agrícolas se valorizaram. Então houve no Vietnã um misto de mudanças climáticas impactando a produção e tambémhouve uma rotação de culturas, uma diversificação da área rural importante para que o produtor tenha outras fontes de renda e faça com que ele não fica refém de uma cultura só. E essa conjugação de fatores vem fazendo com que os níveis internacionais subam e, por tabela, remunere melhor o produtor do Robusta e do nosso Conilon a nível internacional e também a nível doméstico”, disse Magalhães.

Contrário ao que se pode imaginar a queda de produtividade em outros países, neste momento não beneficiam tanto os cafeicultores brasileiros, nem o público final. Por um lado, porque a retração ocorreu em todos os países que tem produção de café, incluindo o Brasil, que tem um mercado interno muito ativo. Logo, a produção nacional precisará suprir as demandas do país, o que não viabiliza a exportação, por exemplo. Por outro lado, o consumidor precisa lidar com a velha lei a oferta e da procura: Menos café no mercado, maior o preço do produto.

Então, o Brasil não sei se consegue exportar muito mais do que já vinha fazendo, muito pelo contrário, porque nós temos ainda um mercado interno muito forte, onde se consome entre 21 e 22 milhões de sacas de café. Temos um mercado de solúvel muito forte que demanda anualmente entre 3 e 4 milhões de sacas e temos uma exportação punjante, ou seja, volta a dizer, café não é um produto regional, é um produto global, e infelizmente, nesse exato momento, todas as origens produtoras de café do mundo enfrentam dificuldades produtivas em função de mudanças climáticas”, destacou.

Logo abaixo, em uma entrevista com declarações exclusivas, Marcus Magalhães expõe de forma mais detalhada sua análise sobre o atual cenário da cafeicultura interacional e quais as expectativas para a próxima safra.


ENTREVISTA

Agro é Negócio: Por que o Vietnã optou por reduzir a produção do café no país?

Marcus Magalhães: Na realidade, a redução da safra do café robusta no Vietnã não foi uma questão de decisão pública, foi uma questão de mudanças climáticas que realmente vêm viabilizando nos últimos anos um aumento da área produtiva. E também vamos lembrar que nos últimos anos, os custos de produção mundo afora subiram bastante.

E no caso específico do Robusta e o nosso Conilon, nós passamos também momentos muito complicados com relação ao preço e outras commodities agrícolas se valorizaram. Então houve no Vietnã um misto de mudanças climáticas impactando a produção e também houve uma rotação de culturas, uma diversificação da área rural importante para que o produtor tenha outras fontes de renda e faça com que ele não fica refém de uma cultura só. E essa conjugação de fatores vem fazendo com que os níveis internacionais subam e, por tabela, remunere melhor o produtor do Robusta e do nosso Conilon a nível internacional e também a nível doméstico.


Agro é Negócio: Essa redução pode acontecer também no estado do Espírito Santo e em que cenário isso poderia ocorrer e quais consequências teriam se houvesse essa tomada de decisão?

Marcus Magalhães: Na realidade o Conilon nesse ano Safra vem tendo uma frustração de colheita interessante. Vamos lembrar que, a exemplo do Vietnã, as mudanças climáticas também têm impactado o Brasil. Vamos lembrar que nos últimos dois anos nós tivemos geadas e granizos em Minas Gerais. Ano passado nós tivemos ventania aqui no Espírito Santo, tivemos chuva que passou da conta. Realmente todas essas mudanças climáticas vem impactando o parque produtivo e dando ao produtor uma frustração de safra muito grande, inclusive para esse ano safra a expectativa no Espírito Santo de uma safra aquém do que muitos estavam esperando. E isso tem feito com que os preços internos do café Conilon estejam trabalhando acima do que o mercado esperava. Volto a dizer que na área de commodities não há uma situação pública, ou seja, não há uma decisão pública de plantar ou de se não plantar. O que ocorre é quando há uma interferência climática que impede grandes produções e também a própria opção do produtor em plantar ou não aquela cultura para ver se ela é ou não rentável.  

E nos casos específicos do Espírito Santo, a gente vive um case muito interessante nos últimos anos de uma diversificação agrícola, principalmente no Norte e no Noroeste com cacau, com fruticultura, com pimenta, com civicultura, com gado de corte, com gado de leite. Ou seja, nós temos uma diversificação agrícola muito grande que impede também que haja essa pegada da monocultura cafeeira no Espírito Santo e dá ao produtor uma condição melhor de negociar suas colheitas quando o preço lhe é oportuno. E momentaneamente, nesse ano, safra, onde todos esperavam preços não tão bons em função de uma expectativa de safra maior está sendo diretamente ao contrário, ou seja, uma frustração de safra e, por tabela, uma elevação dos preços do Conilon no mercado interno.


Agro é Negócio: E como essa diminuição de produção do café Conilon lá no Vietnã acaba afetando a economia no Espírito Santo, nesse segmento?

Marcus Magalhães: Na realidade, está havendo, a nível global, uma frustração de safra do Robusta e do nosso Conilon no mercado interno. E isso tem feito com que o terminal da Bolsa de Londres, que regula essa qualidade, busque patamares cada dia mais altos e impacta positivamente nos preços vigentes no mercado interno. Vamos lembrar que café não é uma commodities de regional, café é uma commodities global. Ou seja, tudo que acontece em outras origens produtoras impactam nas bolsas internacionais e por tabela impactam em todas as origens produtoras, produtores, no caso do Conilon, no Vietnã, na Indonésia, em Sumatra, no Brasil e no caso do Arábica, América Central, Colômbia, Brasil. E lembrando que o Brasil é o maior produtor mundial de café e isso faz com que a gente tenha uma força, uma responsabilidade muito grande na formatação dos preços internacionais.


Agro é Negócio: Há possibilidades de os cafeicultores aproveitarem essa queda de produção vietnamita e como isso se daria?

Marcus Magalhães: Na realidade, os produtores estão agora em 2023, aproveitando essa quebra de safra lá na Sumatra, Indonésia e Vietnã, e pegando níveis que estão acima do que o mercado esperava. O único problema que nós também estamos tendo no Brasil uma frustração de safra. Ou seja, o melhor dos mundos era se nós tivéssemos uma safra cheia, sem frustração, e preços internacionais positivos, porque aí seria a validação de uma grande entrada de recursos no bolso do produtor.

E o que nós estamos vendo, infelizmente, é uma frustração de safra global, atingindo os preços globalmente e, por tabela, formatando internamente preços do café Conilon, acima do que muitos operadores estavam esperando. E na minha visão, acredito que nós vamos ter um 23 dentro dessa pegada, porque nós estamos entrando ainda no mercado de clima e a gente só vai ter uma possibilidade de enxergar melhor a próxima safra produtiva, lá para setembro ou outubro, quando o inverno passar e as floradas forem presentes e se não houver nenhum sinistro climático. Mas eu acho que o pior dos mundos do café, tanto o Arábica quanto o Conilon, já ficou no passado pelas inseguranças produtivas, demandas consistentes e mudanças climáticas no radar diariamente do nosso negócio.


Agro é Negócio: As exportações de café do Brasil tendem a aumentar em que escala nesse cenário de redução da produção vestinâmica?

Marcus Magalhães: Na realidade, viu, é o que eu venho falando, assim. Existe uma expectativa de uma safra aquém do que muitos estavam esperando. Então, o Brasil não sei se consegue exportar muito mais do que já vinha fazendo, muito pelo contrário, porque nós temos ainda um mercado interno muito forte, onde se consome entre 21 e 22 milhões de sacas de café. Temos um mercado de solúvel muito forte que demanda anualmente entre 3 e 4 milhões de sacas e temos uma exportação punjante, ou seja, volta a dizer, café não é um produto regional, é um produto global, e infelizmente, nesse exato momento, todas as origens produtoras de café do mundo enfrentam dificuldades produtivas em função de mudanças climáticas. Ou seja, pode ser que numa origem aqui, outraacolá tenha um ponto fora da curva, mas se nós olharmos o print do momento, a própria Organização Internacional do Café projeta um déficit este ano entre 7 e 10 milhões de sacas de café entre consumo e produção, ou seja, os estoques parados mundo afora irão suprir esse déficit, mas aí o mundo entra num grande cenário da mão pra boca nos próximos anos à frente, tendo como norte ou como andando em paralelo as mudanças climáticas que impedem que a gente tenha uma previsibilidade produtiva. A única certeza que o mundo tem é que o consumo cresce, fora isso, inseguranças, ansiedades e, por tabela, preços sustentados, na minha visão, com viés positivo.


Agro é Negócio: O Espírito Santo vai conseguir suprir as demandas de café Conilon com os seus principais exportadores?

Marcus Magalhães: Na realidade, o raciocínio é esse. Se um produz pouco, o outro produz muito, e o que produz muito ajuda aquele que produz pouco, entre aspas, a abastecer o mercado. Só que momentaneamente nenhum país do mundo está produzindo excesso de café. A gente vive um momento muito desafiador na questão produtiva. E se não fossem os estoques parados globalmente falando, que já foram muito melhores do que são hoje, o mercado entraria realmente numa situação muito complicada com relação ao abastecimento. Ainda bem que temos alguns estoques parados, em portos consumidores, também em portos de países de origem, que devem fazer com que não haja uma ruptura desse processo de abastecimento. Mas dizer a você que há hoje uma grande origem produtora com grandes produções, nisso não existe. Ou seja, o mercado caminha muito num fio da navalha, com preços a níveis globais, acredito eu, sustentados e com viés de alta, já que a gente não tem nenhuma avalanche de café, nenhuma montanha de café que faça uma sombra em cima do mercado. Acredito que vamos ter tempos na cafeicultura, não só brasileira, mas globais, com preços interessantes, mas infelizmente não virá alicerçado com grandes produções, ou seja, a alta de preço é baseada numa quebra de demanda e não num aumento de consumo.


Agro é Negócio: Qual a expectativa de produção do café Conilon no estado do Espírito Santo nessa próxima safra?

Marcus Magalhães: Olha, a expectativa, se nós olharmos pelo retrovisor, talvez dez meses atrás, seria uma expectativa boa, mas nós tivemos muitos sinistros climáticos no Espírito Santo, principalmente no Norte e no Noroeste com ventania e as chuvas muito fortes que realmente comprometeram assim a rentabilidade e a safra abundante de café.

Nós vamos ter um a safra no Espírito Santo aquém das expectativas, tem algum café parado ainda na mão de comerciantes e também de produtores do ano passado. Isso deve fazer com que a gente consiga atender os nossos compromissos anuais. Mas lembrando que atualmente nós temos três grandes compradores no mercado, que é a indústria de café torrada e moído no Brasil, a indústria de solúvel no Brasil e também os grandes exportadores,também no mercado, tentando comprar Conilon para embarcar café, porque nós temos um problema econômico mundo afora e que as grandes indústrias de torrefação global estão buscando cafés mais baratos para não permitir um aumento do preço do café nas gôndolas, na Europa, nos Estados Unidos e na Ásia. E esse café, entre aspas, mais barato, se nós fizermos um comparativo com a Arábica, é o Robusta, é o Conilon. Então, está havendo uma grande procura lá fora, pelas grandes torrefações, pelo Robusta e pelo Conilon, a fim de não permitir um aumento de preço no varejo, e isso deve fazer com que haja uma pegada mais forte no mercado comprador no Brasil, aí digo no Espírito Santo, em Rondônia, no sul da Bahia, onde são os estados produtores do café Conilon, e isso deve impedir que os preços do café Conilon cedam no curto, médio e no longo prazo.

Eu acredito em viés de neutralidade alta em função dessas verdades das quais eu disse, de imprevisibilidade climática, de imprevisibilidade produtiva e de abastecimento e demandas globais, no caso específico do Conilon, um pouco mais aguçadas se nós fizermos um comparativo aos últimos dois três anos.

Sou otimista acho que vamos ter preços e tempos interessantes a frente para a cultura do Conilon, não só no Espírito Santo, mas em todo o Brasil.

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